quinta-feira, 22 de julho de 2021

70% dos eventos adversos após a vacinação contra Covid no Ceará são em mulheres; entenda os motivos

 

Os dados foram enviados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), com base nos registros do sistema e-SUS. Conforme o levantamento, cearenses de 94 municípios tiveram casos suspeitos de EAPV.

Até esta quarta-feira (21), foram registradas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) 3.553.540 doses aplicadas no Ceará. Do total, 2.043.004 mulheres (57,4%) foram em mulheres e 1.510.536 em homens (42,5%).

0,041%
é a proporção de cearenses que tomaram a D1 contra a Covid e tiveram algum efeito colateral registrado. 0,016% reagiram à D2.

Após driblar o “medo” e receber a 1ª dose da imunização no dia 2 deste mês, em Fortaleza, a cabeleireira Dany Calixto, 34, sentiu sonolência, moleza no corpo e ficou com o braço dolorido por dois dias – sintomas irrelevantes se comparados aos da Covid-19.

Eu já sabia que poderia sentir, porque tinha ouvido falar de outras pessoas. Fiquei com medo, mas tinha que tomar a vacina. Eu passaria até 15 dias com esses sintomas, mas não queria ter Covid novamente.
DANY CALIXTO
Cabeleireira

A certeza vem da experiência: em abril de 2020, Dany e outras três pessoas da família contraíram o novo coronavírus. Amargaram 15 dias de cansaço e de todos os outros sintomas típicos da doença – mais graves que a reação ao imunizante.

ORGANISMO MAIS “REAGENTE”

O padrão dos dados se repete em outros locais. Nos Estados Unidos, estudo realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) identificou que 78,7% dos 6.994 eventos adversos às vacinas contra Covid ocorreram em mulheres. 

O levantamento considera as 13,7 milhões de doses aplicadas entre 14 de dezembro de 2020 e 13 de janeiro de 2021, primeiro mês de campanha de imunização naquele país. Do total, 8.436.863 (61,2%) foram aplicadas em mulheres.

O imunologista Tadeu Sobreira explica que “o sistema imunológico das mulheres reage mais fortemente” em relação a qualquer tipo de vacina, não apenas da Covid, e que, por isso, “existe maior chance de resposta inflamatória e efeitos colaterais”.

O médico exemplifica que as doenças autoimunes (quando anticorpos atacam células saudáveis) são mais comuns entre as mulheres. Por razões biológicas, então, “já era esperado que elas tivessem mais reações”, mas isso não significa que terão melhor imunidade.

Mulheres têm maior reatividade ao estímulo da vacina, e isso deve ser favorável, mas nenhum dado aponta que elas têm mais anticorpos neutralizantes do que homens.
TADEU SOBREIRA
Médico imunologista

Para Tadeu, contabilizar os casos de eventos adversos é importante para que se tenha conhecimento sobre os efeitos e sobre como e quando intervir clinicamente – mas do ponto de vista epidemiológico, “não são relevantes”.

REAÇÕES LEVES

De todos os 1.707 casos notificados, 1.087 já foram investigados: mais da metade (51,7%) eram “esperados”, como febre, dor de cabeça e sonolência; e outros 42,4% foram “coincidentes”, ou seja, não foram causados pela aplicação do imunizante. 

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